24 de ago. de 2011

HUMANISMO

HUMANISMO


SEGUNDO PERÍODO MEDIEVAL PORTUGUÊS: HUMANISMO (SÉCULO XIV E XV)

1. Contextualização:
      O Humanismo é uma fase de transição entre os valores puramente medievais e uma nova realidade: o surgimento de uma nova classe social
- a BURGUESIA -  e, com ela, uma nova e forte atividade econômica - o COMÉRCIO. Tal período compreende, em Portugal, o final do reinado de D.Dinis e início do reinado de D.Afonso IV - em 1325 - e os reinados de D.Pedro I (1357-1367), cuja história de amor com Dona Inês de Castro é imortal,D.Fernando (1367-1383),  Dona Leonor Telles (1383-1385, regente), D.João I - o MESTRE DE AVIS - (1385-1433), D.Duarte (1433-1438), D.Pedro II (1439-1446) e Afonso V (1446-1481).
     No século XIV, a peste negra eliminou , só em Portugal, um terço da população. Com a falta de mão-de-obra para o trabalho agrícola, o sistema feudal entra em crise. O sistema de trocas entre mercadorias vai sendo substituído pelo sistema de trocas mercadorias/MOEDAS (=mercadoria que pode ser trocada por qualquer outra e vice-versa); em outras palavras: tem início as atividades comerciais. Em pouco tempo, o COMÉRCIO torna-se a atividade econômica principal, normalmente praticada diante dos altos muros (=BURGOS) dos castelos: é por isso que os comerciantes são chamados de BURGUESES; assim, a burguesia é a nova e poderosa classe social: porque é uma classe que tem poder econômico que lhe dá poder político e social:  é a CLASSE DOMINANTE desde então.
     Burguesia, rei e povo unem-se contra os senhores feudais: o poder central volta a ser do rei, que faz e desfaz as leis e que se compromete com a burguesia no sentido de manter o Comércio como atividade principal e a Agricultura, secundária. O rei governa de acordo com sua vontade: é ele quem faz e desfaz as leis, ele é o Estado, é governante absoluto (ABSOLUTISMO).
     Em Portugal, todas essas novidades têm como marco cronológico a REVOLUÇÃO  DE AVIS: o choque entre a nobreza decadente e a nascente burguesia anti-feudal verifica-se após a morte de D.Fernando (filho legítimo de D.Pedro I), quando povo e burguesia levam ao trono português João, Mestre de Avis e irmão bastardo de D.Fernando, evitando que Leonor Telles e seu amante (o conde de Andeiro) entreguem esse trono à Espanha. D.João I governou Portugal por 48 anos.
     A maior novidade desse momento , porém, é um dos fatos históricos mais importantes que a humanidade conheceu: o surgimento da IMPRENSA que, dentre outras coisas, propicia um avanço científico e tecnológico, a produção de saberes e a transformação da Literatura, o que não ocorriam desde o final da Antigüidade. Isso faz com que, aos poucos, o homem volte a produzir tudo aquilo que foi impedido no decorrer da Idade Média e a se preocupar consigo mesmo: daí o período chamar-se HUMANISMO.
 
2. A poesia do Humanismo: a Poesia Palaciana
    Embora ainda mantenha muitas das características das primitivas CANTIGAS, a poesia elaborada a partir do surgimento da Imprensa é ESCRITA e IMPRESSA, deixando de ter acompanhamento musical. As cantigas deixam de existir, já que a poesia deixa de ser oral e de ter música ao fundo. Além disso, a produção e recepção poéticas restringem-se aos palácios: os poetas e leitores desses poemas são nobres e cultos. Afinal: o galego-português também está dando lugar ao PORTUGUÊS, uma língua mais complexa. A produção poética palaciana pode ser encontrada no "CANCIONEIRO GERAL", organizado pelo poeta e historiador Garcia de Resende.
 
3. A Crônica Histórica ou Historiografia:
          O surgimento da Imprensa, como vimos, é responsável pela eliminação de uma das características essenciais da Literatura Medieval do 1o. período: o seu caráter oral. Se no 1o. período medieval predomina a produção literária em versos (CANTIGAS), no Humanismo, constata-se o desenvolvimento da Prosa, em especial das CRÔNICAS HISTÓRICAS (ou Historiografia), cujo iniciador, em Portugal, é Fernão Lopes.
 


                                 HISTORIOGRAFIA: relato da vida política, econômica e social  de um povo,


                                Durante o reinado de alguém (de um rei); crônicas regiocêntricas de


                                historiadores.( segundo  Antônio Soares Amora)


 
     Fernão Lopes nasceu entre 1380 e 1390. Nomeado em 1418 guarda-mor da Torre do Tombo, arquivo dos documentos oficiais do Reino. No ano seguinte, é nomeado escrivão-mor dos livros de D.João I e, em 1434, é promovido a CRONISTA-MOR. Considerado o primeiro grande historiador português (e um dos maiores da Literatura em toda a Europa), Fernão Lopes encara a realidade dos fatos com imparcialidade e rigor, obedecendo ao princípio de que a finalidade da História "é a clara certidão da verdade". Graças à sua obra, temos o perfil exato da vida social, política, moral e econômica de Portugal nos séculos XIV e XV. Destaque também para o estilo do autor, que elabora suas crônicas com uma linguagem objetiva, clara e agradável. Obras principais:
 1) "CRÔNICA DEL REI D. PEDRO I ", onde, além do relato histórico desse reinado, Fernão Lopes destaca os episódios ligados à morte de Dona Inês de Castro;
 2) "CRÔNICA DEL REI D. FERNANDO ": destaque para a Revolução de Avis;
 3) "CRÔNICA DEL REI D. JOÃO I ": destaque para os episódios pós Revolução de Avis.
      Em 1454, Fernão Lopes é substituído por Gomes Eanes Zurara, por estar "tão velho e fraco". Em 1460, morre.


      ZURARA é o iniciador da historiografia voltada à expansão marítima portuguesa, cujo herói mais freqüente é o infante D. Henrique. Obras principais: "Crônica da Tomada de Ceuta", "Crônica dos feitos de Guiné", "Crônica de D. Duarte de Meneses", "Crônica de D. Pedro de Meneses". Zurara não é tão fiel à verdade como Fernão Lopes e, além disso, recebe "encomendas" da nobreza. Seus sucessores: VASCO FERNANDES DE LUCENA, que nada deixou escrito e RUI DE PINA, visto com desconfiança pela crítica como "larápio" literário da obra de Fernão Lopes...                                         

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