Ensino Médio
Justificativa
A tecnologia comparece, portanto, no currículo da educação básica com duas acepções complementares: a) como educação tecnológica básica; b) como compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos da produção.
A primeira acepção refere‐se à alfabetização tecnológica, que inclui aprender a lidar com computadores, mas vai além. Alfabetizar‐se tecnologicamente é entender as tecnologias da história humana como elementos da cultura, como parte das práticas sociais, culturais e produtivas, que por sua vez são inseparáveis dos conhecimentos científicos, artísticos e linguísticos que as fundamentam. A educação tecnológica básica tem o sentido de nos preparar para viver e conviver em um mundo no qual a tecnologia está cada vez mais presente: no qual a tarja magnética, o celular, o código de barras e muitos recursos digitais se incorporam velozmente à vida das pessoas, qualquer que seja a sua condição socioeconômica.
(Proposta Curricular do Estado de São Paulo, p. 22. SEE‐SP, 2008.)
Tendo em vista o compromisso que a escola pública deve ter com a formação de um cidadão preparado para o uso das novas tecnologias e a grande influência que o uso do computador e da internet tem exercido sobre a construção de novas práticas e novas relações sociais entre os jovens, muitos temas emergem desse novo contexto. Dentre eles, aqueles relativos aos valores éticos e morais que devem reger a nossa vida e a nossa convivência com o mundo são cruciais para a forma como essas tecnologias são incorporadas pelos jovens.
O trabalho com o volume O colapso dos bibelôs, da Coleção Rumos na Rede, se justifica neste contexto: de um lado, a própria coleção prevê a participação dos leitores, manuseando computadores – exercício que procuramos ampliar mais aqui, com novas propostas de navegação por diferentes sites e participando em debates na internet que procuram abordar a problemática do jovem que se fecha para o mundo real e se abre para o virtual, muitas vezes prendendo‐se no vício e na negação de sua vida real; de outro lado, tal trabalho tem como objetivo, além do contato com a tecnologia, uma reflexão sobre as maravilhas e os perigos da internet na constituição do que somos e para os nossos destinos.
Este projeto de leitura visa, ainda, favorecer o desenvolvimento de competências leitoras e escritoras por meio da mobilização de procedimentos e capacidades de leitura e escrita, quais sejam:
Capacidades de compreensão2, que envolvem ativar conhecimentos prévios sobre o que será lido; levantar hipóteses sobre os conteúdos ou propriedades dos textos; checar hipóteses; localizar e/ou copiar informações; comparar informações; generalizar; produzir inferências.
Capacidades de apreciação e réplica3, que envolvem recuperar o contexto de produção do texto; ter claro quais são as finalidades e metas da atividade de leitura; perceber relações de intertextualidade e de interdiscursividade; perceber outras linguagens como elementos constitutivos dos sentidos dos textos; elaborar apreciações estéticas e/ou afetivas e, finalmente, elaborar apreciações relativas a valores éticos e/ou políticos.
Por se tratar de uma obra com alguns traços literários na construção do texto, também serão propostas algumas reflexões que possibilitem ao aluno fazer uso das capacidades arroladas anteriormente para observar tais traços.
Objetivos
Espera‐se que por meio desta atividade os alunos:
•ampliem sua proficiência para a leitura de textos mais extensos, atribuindo‐lhes sentidos adequados;
•posicionem‐se criticamente, reconhecendo os diferentes pontos de vista com relação ao tema em discussão;
•selecionem argumentos que sustentem as suas posições em relação ao tema discutido, seja oralmente, seja por escrito, durante a participação no site;
•reconheçam alguns procedimentos da literatura fantástica no texto lido;
•interessem‐se por trocar impressões e informações com outros leitores;
•participem de debates de forma ética, respeitando o direito do outro a ter opiniões diferentes.
Procedimentos metodológicos
O projeto de trabalho se organiza como uma leitura programada4. Essa forma de organização do trabalho é altamente indicada para duas situações: para se discutir coletivamente um título considerado difícil para os alunos porque permite um acompanhamento do processo de compreensão, possibilitando mediações do professor ao longo do processo, reduzindo parte da complexidade da tarefa e compartilhando a responsabilidade; e/ou para acompanhar o processo de leitura de textos mais longos.
Nesse tipo de organização do trabalho de leitura, define‐se o título, monta‐se um cronograma de leitura, distribuindo um certo número de capítulos ou páginas em um certo período. Ao final de cada período, organiza‐se uma situação didática em que se discute o trecho lido.
A essa forma de organização associamos a ideia da leitura colaborativa5. Antecipando diferentes focos de observação, ao longo do processo de leitura, espera‐se que os alunos façam uma leitura com objetivos prévios e organiza‐se momentos de verdadeira reflexão e compartilhamento das experiências de leitura e das compreensões dos textos.
Estão previstas situações didáticas que envolvem diferentes formas de organização da turma:
•aula expositiva dialogada para a apresentação do projeto, contextualização da leitura proposta e ativação de conhecimentos prévios sobre o tema da obra;
•aulas com discussões em grupo ou coletivas, quando serão compartilhadas as anotações pessoais de cada um;
•participações em fóruns e blogs da internet;
•leituras de outros textos para ampliação da discussão sobre os usos da internet.
•A proposta é desenvolver a leitura no período de um mês, destinando cerca de quatro aulas da disciplina, distribuídas ao longo do mês, uma aula por semana.
Cronogramas e ações
A seguir serão apresentadas as ações que envolvem a sua mediação antes, durante e depois da leitura do livro.
Atenção, professor: Antes da apresentação, visite o
•Para apresentar o projeto de leitura aos alunos, você poderá optar por iniciar uma discussão sobre a relação da turma com a internet perguntando se navegam regularmente, se usam MSN ou algo do gênero, se navegam por blogs, Orkut etc. Se seus alunos já são “velhos” usuários da internet, a discussão inicial proposta será mais “inflamada” e pessoal. Entretanto, se não houver muitos usuários e se a experiência deles for menor, a discussão inicial terá de ser mais “provocada” e acontecerá mais no nível de análise da atual dependência que certos setores da sociedade (setores financeiros, de saúde, de serviços etc.) têm em relação ao uso da internet.
•A melhor opção é realizar esta primeira aula de apresentação do projeto na sala de informática, mas caso não seja possível, você poderá fazê‐la na sala da turma mesmo.
•Se a opção for iniciar o projeto na sala de informática, você poderá disponibilizar na rede interna o documento Apresentação do Projeto.pdf, que propõe um caminho de navegação para a discussão inicial. Nesse arquivo, a sugestão é iniciar com uma navegação no http://blogdocaos.blogspot.com/2008/08/internet.html (acessado em 16/09/2009), em que o blogueiro G.C.P.C. apresenta algumas charges em seu post de 22/08/2008. As charges dessa página ilustram quanto a comunicação via internet tem influenciado a vida das pessoas no mundo real a ponto de causar mudanças de hábitos no dia a dia. Explore com os alunos o sentido das charges relacionando‐as com as rápidas legendas incluídas pelo blogueiro. Aproveite para lançar a pergunta proposta na página do aluno – Você já sofreu por ter ficado sem internet? – ou, se for o caso, pergunte se a internet já assume na vida deles um espaço tal que já se percebem mudando hábitos (se encontram menos os amigos, se passam muitas horas na internet e deixaram de fazer coisas que faziam antes etc.).
•Em seguida, proponha que eles acessem o link http://www.mundotecno.info/noticias/caos‐blackout‐da‐internet‐afeta‐varios‐paises (acessado em 16/09/2009), que relata a pane na internet da Índia, Egito e Arábia Saudita em razão do rompimento de um dos cabos da internet. Peça que leiam apenas o título da notícia da blogueira e, antes que leiam o texto, converse com eles sobre:
o que acham que pode ter acontecido naqueles países durante o blackout;
que tipo de consequências tal fato pode ter gerado na vida das pessoas, das instituições.
Após um rápido levantamento, pergunte se eles sabem que algo semelhante aconteceu por aqui em julho de 2008. Proponha, então, a leitura do texto do link acima e do seguinte – http://info.abril.com.br/aberto/infonews/072008/03072008‐15.shl (acessado em 16/09/2009), que fala sobre o caos em São Paulo – e cheque com eles se o que levantaram na conversa anterior foi apontado pelos textos. Oriente‐os a ler apenas um dos textos, mas garanta que os dois sejam lidos por diferentes alunos para que possam trocar informações durante a checagem.
•Por fim, apresente‐lhes o link http://www.rumosnarede.com.br/rumosnarede/livro‐o‐colapso‐dos‐bibelos.php(acessado em 16/09/2009), que levará o aluno à página de apresentação do livro. Ao se linkar à página, o aluno poderá explorá‐la lendo a sinopse, assistindo ao vídeo de apresentação da autora e conhecendo trechos dessa e de outras obras da coleção. Nesse momento, será pertinente explicar a previsão da participação dos alunos no site. Para essa explicação, leia as orientações do próprio material (no encarte impresso ou no site da coleção).
Você também pode sugerir que assistam a uma notícia veiculada no
Caso não possa dispor da sala de informática, a opção será você mesmo propor as questões que estão no documento de apresentação, salvar as imagens das charges (clicando sobre elas, abre‐se um arquivo em que aparecem em tamanho maior) e os textos Caos: Blackout da internet afeta vários países e Pane na Telefônica afeta serviços em SP e imprimi‐los para que os alunos possam fazer a discussão a partir da leitura. Não se esqueça de distribuir apenas um dos textos para cada aluno, de modo que parte da sala leia um e parte leia o outro, e os dois textos entrem na roda da conversa sobre o tema.
•Em seguida você poderá anunciar o livro que será lido e explicar que há previsão de participação do grupo no site http://www.rumosnarede.com.br/rumosnarede/index.php/rumosnarede/a‐colecao.php.
Antes de começarem a explorar o site, pergunte o que os alunos acham que significa o título do livro, considerando o assunto que será abordado por ele. Será importante anotarem tal informação para, ao longo da leitura, retomarem as hipóteses e discutirem a validade delas, considerando o que já leram – Quem ou o que seriam os bibelôs?
•No final das discussões, distribua o livro O colapso dos bibelôs e oriente‐os para a leitura dos quatro capítulos iniciais. Peça que a cada capítulo:
procurem relacionar o título ao que foi abordado e destacar o que lhes chamou mais a atenção durante a leitura. Estes dois procedimentos ajudarão na discussão dos capítulos, na aula marcada;
observem como o narrador e outras personagens reagem aos fatos.
•Caso avalie pertinente, poderá seguir as orientações do encarte da coleção, que são:
1.Faça com que os alunos folheiem o livro e atentem para seu formato e diagramação peculiares, simulando as páginas da internet. Pergunte que elementos do projeto gráfico criam esse efeito.
2.Leia com os alunos o texto da quarta capa. A partir das informações ali colhidas e do que perceberam em relação ao projeto gráfico, estimule‐os a imaginar seu conteúdo. O que acham que poderia acontecer se os meios de comunicação não funcionassem?
3.Estimule‐os a consultar em um dicionário a definição de “bibelô”. Verifique se inferem que “bibelô” pode estar empregado com um sentido metafórico, sugerindo futilidade.
4.Enfim, converse com os alunos a respeito de sua relação com a internet.
Aula 2
1º PASSO
•Proponha que, inicialmente, a sala compartilhe as impressões sobre os quatro capítulos lidos. Proponha uma primeira pergunta para resgatar o conteúdo geral do texto:
Até a página que vocês leram, o que deu para saber sobre a história?
•Por meio da referência aos títulos dos capítulos, faça com eles um resgate sobre o que trata cada capítulo.
A que interrupção o narrador se refere no cap. 1?
Para o que não havia previsão? (cap. 2)
Qual a reação das pessoas em relação a isso?
O que estava anormal? (cap. 3)
Por que o narrador se refere a um vazio? (cap. 4)
•Até este ponto, é importante garantir que os alunos tenham compreendido que o texto apresenta um narrador‐personagem que narra uma situação de caos nas telecomunicações e passa a relatar as mudanças que passaram a ocorrer em sua vida. Também poderão observar que as pessoas parecem estar em choque, não acreditar no que está acontecendo. Isso pode ser observado pela insistência com que tentam usar o telefone e a internet, consultando‐os a todo momento para ver se os serviços foram retomados. Pergunte à turma sobre a personagem:
Quem é e como é esse narrador?
Qual parece ser o lugar que a internet ocupa em sua vida?
Como ele percebe a sua vida fora da internet?
•Durante essas discussões, dê especial destaque para uma fala de Danilo (o narrador‐personagem) na pág. 28, quando afirma que não conseguirá sobreviver sem a telefonia: “Vai ver, agora que a telefonia acabou, seremos obrigados a voltar ao ciclo natural da vida. Sinto calafrios só de pensar nisso. Tenho certeza de que morro. Meu pai também morre”.
•É importante que eles percebam, também, como as pessoas estão sofrendo com a situação.
•Aproveite a conversa para trazer a discussão do mundo ficcional da história para o mundo real. Você pode propor questões do tipo:
Qual a influência da internet nas nossas relações pessoais?
Quais suas atrações e seus riscos para a nossa vida pessoal?
Para subsidiar essa discussão, são apresentados vários links que levam a diferentes textos ou vídeos que se posicionam de diferentes maneiras em relação ao mundo virtual e à influência sobre a vida real. Você poderá selecionar alguns desses links e formar grupos diferentes para distribuir os diferentes textos entre eles. Pode, ainda, propor todos os textos dividindo‐os entre os alunos de forma que cada um leia pelo menos um deles. Caso não seja possível realizar esta aula na sala de informática (sem acesso à internet), será necessário imprimir os textos para que sejam lidos em sala. Não se esqueça de esclarecer que a leitura subsidiará as discussões propostas.
Sexo, drogas e máfias agitam mundo paralelo na internet – http://verdesmares.globo.com/v3/canais/noticias.asp?codigo=171280&modulo=583 (acessado em 16/07/2009).
O Second Life e a loucura humana – http://www.forumpcs.com.br/coluna.php?b=213310 (acessado em 16/07/2009).
Adolescente difamada faz Orkut ser bloqueado no interior de Pernambuco – http://minhanoticia.ig.com.br/materias/422501‐423000/422860/422860_1.html (acessado em 16/07/2009).
As maravilhas da internet – http://claudiasimas.blogspot.com/2004/09/as‐maravilhas‐da‐internet.html (acessado em 16/07/2009).
Profissão Repórter: os perigos da internet – http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM533768‐7823‐PROFISSAO+REPORTER+OS+PERIGOS+DA+INTERNET,00.html (acessado em 16/07/2009).
As maravilhas da internet – parte 1 – http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br/blog/472 (acessado em 16/07/2009).
MPF recebe 400 denúncias por dia contra Orkut em São Paulo – http://www.safernet.org.br/site/noticias/mpf‐recebe‐400‐den%C3%BAncias‐por‐dia‐contra‐orkut‐s%C3%A3‐paulo (acessado em 16/07/2009).
Evite problemas com relacionamentos pela internet – http://www.blogadao.com/evite‐problemas‐com‐relacionamentos‐pela‐internet/ (acessado em 16/07/2009).
As maravilhas da internet – parte 2 – http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br/blog/666 (acessado em 16/07/2009).
Veja as 7 maravilhas da internet – http://www.boadica.com.br/noticia.asp?codigo=13025 (acessado em 16/07/2009).
Limites na internet podem formar internautas melhores – http://www.numclique.net/limites‐na‐internet‐podem‐formar‐melhores‐internautas/ (acessado em 16/09/2009).
Aumentam os golpes em sites de relacionamento ‐ http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1107626‐7823‐AUMENTAM+OS+GOLPES+EM+SITES+DE+RELACIONAMENTO+NA+INTERNET,00.html (acessado em 16/09/2009)
•Após a leitura, recoloque as questões apresentadas acima – Qual a influência da internet nas nossas relações pessoais? e Quais suas atrações e seus riscos para a nossa vida pessoal? – e pergunte à turma sobre o texto lido:
O texto apresenta alguma resposta (ou algum material para responder) a essas perguntas?
Qual a sua posição a respeito dessas discussões?
Faça a última pergunta depois de terem compartilhado as diferentes leituras. Assim, todos poderão, em um primeiro momento, socializar as suas leituras e, posteriormente, posicionarem‐se sobre o que leram.
Lembre‐se de, em caso de escolher alguns dos textos, equilibrar as escolhas. Não ofereça apenas os textos que abordam os perigos da internet. Isso seria, além de negar o que há de positivo no mundo virtual, negar algo que é de interesse dos jovens, o que levaria a “fechar” um canal de comunicação, em vez de ampliá‐lo. De igual forma, a consideração apenas de seus benefícios consiste numa perspectiva ingênua e restritiva de reflexão sobre a questão.
Finalize a aula orientando‐os a participarem das discussões do site da coleção (http://www.rumosnarede.com.br/rumosnarede/index.php), reforçando a importância de levar para lá as discussões feitas em sala. Não deixe de observar a participação dos alunos no site e comentá‐la em sala no decorrer da semana.
•Oriente‐os, também, para a leitura de mais quatro capítulos (do 5 ao 8). Antecipe a eles que agora a narrativa entrará numa nova fase em relação à reação das pessoas ao caos. Peça para que eles pensem sobre isso durante e depois da leitura.
Aula 3
1º PASSO
•Nesta aula, comece solicitando os comentários dos alunos sobre o livro. Depois de compartilharem suas impressões a respeito do que leram até o momento, proponha que pensem sobre outras situações de caos que são possíveis na nossa vida por falta ou por mau funcionamento de um serviço, ou por algum tipo de mudança drástica em algo na nossa vida. Peça que pensem em situações de caos na família, caos na escola, na cidade...
•Depois de trocarem algumas ideias sobre isso, esclareça que eles vão ler uma página do Diário da Lulu (http://lulu‐diariodalulu.blogspot.com/2007/07/auto‐estrada‐do‐sul.html ‐ acessado em 16/09/2009), em que a blogueira conta uma experiência de caos no trânsito. Enquanto relata a experiência de ficar literalmente parada por mais de três horas, ela desenvolve uma teoria sobre as reações humanas durante um congestionamento no trânsito, baseada nas fases do luto – choque, negação, sofrimento e recuperação (este trecho começa logo depois da imagem do quadro A queda, de René Magritte). Oriente‐os a ler apenas até antes de iniciar o subtítulo A ficção? Dê um tempo para a leitura, abra para comentários sobre o que acharam e, caso alguém se interesse por postar um comentário, diga que poderão fazê‐lo no final da aula.
•Pergunte aos alunos se há alguma semelhança entre a história do Danilo e o que registra a blogueira. Avalie as conexões que apresentarem e, em seguida, chame atenção para a descrição que a blogueira faz das fases por que passou durante o caos no trânsito – choque, negação, sofrimento e recuperação.
•Discuta com o grupo se é possível identificar algumas delas na narração de O colapso dos bibelôs (do início da narrativa até o momento em que chegam à escola, as pessoas estão em choque e parecem se negar a acreditar no que está acontecendo – isso se verifica pela insistência com que buscam o celular e tentam manter a normalidade como se estivesse tudo normal: a diretora, a professora...). Depois, vem o vazio... o sofrimento se instaura. E em seguida as pessoas tentam enfrentar tal sofrimento de diferentes maneiras até que tudo parece começar a fazer parte da sua rotina. Passam por um processo de aceitação/adaptação.
•Oriente‐os para a leitura dos últimos três capítulos (9 a 11). Peça para que fiquem bem atentos às modificações do narrador‐personagem e às suas reflexões finais sobre o que a experiência lhe possibilitou aprender.
•Não deixe de observar a participação dos alunos no site e comentá‐la em sala no decorrer da semana.
Aula 4
•Nesta etapa, vamos introduzir a noção de literatura fantástica a fim de classificar O colapso dos bibelôs como uma narrativa que se aproxima do gênero. Para tanto, podemos aproveitar a teoria da blogueira sobre as fases citadas – choque, negação, sofrimento e recuperação. Esclareça que essas fases podem ser reconhecidas em muitas histórias que tematizam algum tipo de caos construído pelo exagero e são, em geral, consideradas fantásticas – ou, ainda, classificadas como realismo fantástico, como o caso do texto de Cortázar citado pela blogueira (Auto‐estrada do Sul) – e outros como Ensaio sobre a cegueira (que teve a sua versão cinematográfica em 2007) e As intermitências da morte.7
•Será importante explicar a referência ao realismo fantástico. Nessas obras, o choque vivido pela personagem, inicialmente, guarda referências com algo possível no mundo real: o leitor é introduzido num contexto tal em que reconhece a relação da situação apresentada com a realidade. Mas logo depois esse reconhecimento se quebra pela construção do discurso literário, afastando o leitor do que lhe é cotidiano. A esse movimento de aproximação e afastamento do real dá‐se o nome de realismo fantástico8 e no discurso se manifesta, muitas das vezes, pelo exagero perceptivo do desenrolar dos fatos: o fato toma proporções tais que se estabelece o caos que, por conseguinte, desencadeia ações improváveis no mundo real que implicam um certo sofrimento, seguido de uma adaptação da personagem à situação. Depois disso, vem a recuperação – as coisas retornam aos seus lugares, a vida retoma o seu curso natural. Observando a construção da narrativa de O colapso dos bibelôs, algo semelhante acontece.
•Retome com eles esses momentos da narrativa, comentados ao longo das aulas anteriores, acrescentando que no caso desse texto lido e também no caso dos textos literários, a recuperação significou o retorno à situação anterior ao caos – a recuperação da normalidade.
•Caso avalie pertinente, resgate com eles as outras situações de caos de que se lembraram na aula anterior. Você pode fazer uma brincadeira rápida com eles, como se fossem planejar um conto semelhante a esse: sugira que escolham uma dessas situações e pensem em levá‐la ao extremo, chegando ao absurdo, e a partir de então que pensem nas quatro fases – o que aconteceria em cada uma delas.
•Para realizar esta etapa da discussão, retome com os alunos o trecho em que Danilo faz uma reflexão sobre a experiência de ficar desconectado do mundo virtual e ser obrigado a interagir no mundo real. Proponha perguntas do tipo:
O que Danilo percebeu sobre si mesmo?
E sobre as outras pessoas?
E a internet – qual o lugar que deve ocupar em nossas vidas?
•Depois dessa discussão, acesse o site da coleção e participe das discussões abertas. Não deixe de indicar possíveis relações que vocês identificaram entre a história de Danilo e outros materiais (livros, filmes) com os quais já tiveram contato. Vale, inclusive, fazer indicações de páginas da internet, como fizemos com o blog Diário da Lulu.
•Ao final, faça com eles uma avaliação da proposta de leitura, de modo que expressem como foi vivenciar a experiência de ler o livro aos poucos e discuti‐lo à medida que liam. Peça que comentem o que acharam mais relevante no trabalho; se aprenderam algo que consideram importante; se gostaram do tipo de leitura etc.
Considere as orientações finais propostas pelo encarte da obra, também disponível no site da coleção. Observe se eles se animam a ler a obra sugerida Ensaio sobre a cegueira, do escritor português José Saramago, e/ou sugira outras leituras, como as outras citadas no Passo 1 desta aula e outras ainda que você tenha lido e das quais tenha gostado.
Outros links para textos a respeito do colapso da internet
http://www.nic.br/imprensa/clipping/2008/midia200.htm – matéria que fala sobre a previsão de um colapso mundial da internet para 2010 (acessado em 16/07/2009).
http://info.abril.com.br/aberto/infonews/072008/03072008‐15.shl – sobre a pane de 36 horas da Telefônica, em julho de 2008, em São Paulo (acessado em 16/07/2009).
http://www.estadao.com.br/cidades/not_cid200088,0.htm – sobre a pane de 36 horas da Telefônica, em julho de 2008, em São Paulo (acessado em 16/07/2009).
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0407200801.htm – só para assinantes UOL ou da Folha de São Paulo, sobre a pane de 36 horas da Telefônica, em julho de 2008, em São Paulo (acessado em 16/07/2009).
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0607200825.htm – só para assinantes UOL ou da Folha de São Paulo, sobre os efeitos da pane em São Paulo. (acessado em 16/07/2009).
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080704/not_imp200308,0.php – sobre os efeitos da pane em São Paulo (acessado em 16/07/2009).
http://blogdocaos.blogspot.com/2008/09/hackers‐invadem‐sistema‐do‐lhc.html – post que fala sobre a invasão de hackers em sistemas operacionais de instituições de alto risco (acessado em 16/07/2009).
Atenção, professor:
1.Se você ficasse sem internet, como foi o caso do Danilo, como é que isso afetaria sua rotina?
2.O que você acha do relacionamento entre Mauro e Raquel?
3.Você consegue se imaginar como amigo de Danilo? O que é um amigo?
4.Danilo fala do seu desejo de viver em comunidade. Nós vivemos em comunidade?
5.Danilo e Mauro, apesar de serem muito amigos, tinham uma dificuldade enorme para conversar. Por que as pessoas se engasgam com palavras?
6.Duna enganou Danilo ou será que Danilo é que vivia uma fantasia?
7.Danilo passava suas madrugadas na rede. Isso é um problema?
8.O que foi aquilo que aconteceu no vão‐livre do Masp?
9.Danilo parece ter aversão ao mundo físico. Você já sentiu algo assim?
10.Você acha que as pessoas entram em colapso?
11.Danilo acusa Duna de ter sentimentos de scrap. O que é um sentimento de scrap?
Recursos necessários
•Material de consumo necessário: volume O colapso dos bibelôs para uso do professor.
•Impressão dos textos para os alunos, caso a escola não disponha de computadores conectados à internet para uso dos alunos.
•Impressão do projeto para o professor.
•40 exemplares do livro O colapso dos bibelôs para os alunos.
•500 folhas de papel sulfite.
•Cartucho de tinta preta ou toner.
Estimativa de custo
•O valor aproximado do volume indicado é R$ 24,80.
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