24 de ago. de 2011

REALISMO

REALISMO

1.    Contexto Histórico

            O surgimento do Realismo se dá em Portugal na segunda metade do século XIX, uma época em que o mundo passava por grandes transformações de ordem política, social e ideológica. Após a Revolução Industrial, houve na Europa ocidental e nos Estados Unidos um rápido desenvolvimento e crescimento do sistema capitalista. A burguesia ascendeu à posição de classe dominante, e o desenvolvimento de novas tecnologias proporcionou a expansão do capitalismo, que agora assumia proporções mundiais. Com o crescimento do sistema industrial e mercantil surgiram novos problemas de ordem social. Com o capitalismo industrial e posteriormente o capitalismo financeiro, surge uma nova divisão de classes, com o surgimento da classe do proletariado. Este esteve a serviço do crescimento do capitalismo, funcionando como uma mera peça na grande engrenagem do novo sistema. O liberalismo econômico, doutrina elaborada primeiramente pelo pensador escocês Adam Smith (1723 – 1790) e que passou a ser adotada como base teórica do sistema capitalista do século XIX, baseava-se na lei da oferta e da procura. Este princípio obrigava os proletários a se submeterem a salários baixíssimos, devido à grande massa de trabalhadores e à pequena oferta de emprego, uma vez que os meios de produção se concentravam nas mãos de uma minoria. Os trabalhadores, além de mal remunerados, eram sujeitos a péssimas condições e longas e exaustivas jornadas diárias de trabalho, que fazia até com que muitos trabalhadores não suportassem o cansaço e chegassem a morrer devido ao esgotamento físico. Essa situação dramática da classe trabalhadora da época, especialmente em países como Inglaterra, França e Alemanha, foi o que levou muitos pensadores da época a refletir sobre essa condição do proletariado e a desenvolver as doutrinas socialistas. Os alemães Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) foram os fundadores do que ficou conhecido como o socialismo científico. Essa doutrina propunha a transformação global do sistema capitalista por meio da revolução. Esse pensamento exerceu grande influência em várias partes da Europa e do mundo. A literatura acabou sendo também influenciada pelas ideias de Marx e Engels. O Romantismo, que ainda vigorava no século XIX, já não era capaz de expressar o sentimento revolucionário e anárquico da época. A própria situação histórica obrigava a literatura europeia a se transformar, a se recriar.
            Além disto, o mundo vivenciava outras importantes transformações. A ciência estava alcançando grandes avanços, e a concepção espiritualista de mundo que era característica do Romantismo passa a dar lugar ao cientificismo e materialismo. Em 1859, Charles Darwin (1809 - 1882) publicou o livro A Origem das Espécies, que representou grande revolução, principalmente no campo das ciências biológicas, embora tenha repercutido em diversas outras áreas, como na economia, na filosofia e na política. Nessa obra, Darwin afirma que a evolução dos seres vivos é resultado de um mecanismo de seleção natural, em que o ambiente condiciona os seres, permitindo a sobrevivência dos mais fortes e eliminando os mais fracos. Afirma também que o meio ambiente determina a natureza dos seres, inclusive dos seres humanos, tendo assim grande importância no condicionamento da matéria e do espírito. Também nessa época, desenvolveram-se as ideias pessimistas de Schopenhauer (1788 – 1860) e o Positivismo de Comte (1798 – 1857), que também exerceram grande influência no pensamento europeu do século XIX. Tudo isto contribuiu para a nova configuração que a literatura e a arte de um modo geral iriam assumir no período.
            Em Portugal, a situação também era crítica. Na segunda metade do século XIX, o país enfrentou, assim como o restante da Europa, uma crise financeira que levou a um aumento do desemprego. Havia no país um clima de grande insatisfação com a sua situação política, especialmente em relação ao sistema monárquico, o que resultou na fundação do Partido Republicano em 1876. A insatisfação popular em relação à monarquia apenas se intensificou com o Ultimatum inglês, que obrigou Portugal a retirar suas forças militares de suas colônias na África que se localizavam entre Angola e Moçambique. Consequentemente, aumentaram as manifestações antimonarquistas no país. Além do Partido Republicano, foi fundado também o Partido Socialista Português, como partido de oposição ao governo. Em 1891 ocorreu a primeira tentativa de instaurar o regime republicano em Portugal, no entanto a República só veio a ser proclamada no país em 1910.

2. Origens e características do Realismo

            No século XIX surge o Realismo como moda, como estética literária, representando um momento específico e diferenciado da história das literaturas europeias e americanas (Moisés, 1997, 165). O Realismo é de origem francesa. Honoré de Balzac e Stendhal já mostravam em suas obras uma atitude de oposição ao Romantismo, mas o Realismo só vem a se consolidar definitivamente com a publicação, em 1857, de Madame Bovary, de Gustave Flaubert.
            Pode-se dizer que o Realismo, por ser uma estética de natureza revolucionária, se opôs diametralmente ao Romantismo, e suas características podem ser identificadas por oposição a este, ou seja, naquilo em que se diferenciam. O sentimentalismo e a idealização romântica já não faziam sentido em uma época na qual a literatura deveria servir de instrumento de ação social e política. Assim, os realistas preconizavam uma arte compromissada (engagée), em oposição à arte egocêntrica e descompromissada do Romantismo. A arte deveria funcionar como espelho da realidade, deveria mostrar a sociedade burguesa em sua corrupção moral. Assim, retratavam personagens de diversas camadas sociais, exibindo e denunciando a decadência da sociedade da época. O objetivo era de fato a denúncia, a exposição dos males da sociedade sem remediá-los e o ataque, principalmente à classe burguesa. Recorriam frequentemente ao humor sarcástico, tal como já se fazia muito antes na literatura, seguindo a ideia do antigo provérbio “ridendo castigat mores” (rindo, corrigem-se os costumes), o humor como denúncia das mazelas da sociedade, a exemplo do que em Portugal já fazia Gil Vicente em seu teatro na Idade Média.
            O Positivismo de Auguste Comte (1798 – 1857) pode ser considerado a base filosófica do Realismo. O Positivismo surgiu na primeira metade do século XIX. É uma doutrina filosófica, sociológica e política que propõe valores totalmente humanos à existência humana, deixando de lado a teologia e a metafísica. Consiste na observação dos fenômenos através do que é possível sentir, sem subordinar a observação à imaginação. Comte afirmava que o conhecimento científico era o único conhecimento verdadeiro. Assim, tudo que não pode ser observado e provado cientificamente pertence ao domínio da religião e da metafísica, não passando de superstição e crendice. Podemos perceber bem a influência do Positivismo na poesia do cotidiano feita por Cesário Verde, por exemplo, além da maior parte da prosa realista[1] (principalmente no chamado “realismo de escola”), como também no próprio Naturalismo, principalmente no que diz respeito ao cientificismo naturalista, ou seja, o caráter cientificista dessa estética.
            As ideias pregadas pelo pensador e político francês Proudhon (1809 – 1865) também tiveram grande influência nos autores realistas. Proudhon foi um ferrenho inimigo da burguesia, anarquista e ateu. Ele lançou as bases do pensamento socialista. Sua doutrina se refletiu no Realismo no que diz respeito ao combate à burguesia, à Igreja e à monarquia. Além de Proudhon, o pensamento pregado por Marx e Engels, já mencionados aqui, também tiveram influência nos autores realistas.
            É importante salientar a diferença existente entre o Realismo e o Naturalismo, movimentos estéticos que praticamente coexistiram e em muitos aspectos se confundiram, uma vez que tinham objetivos um tanto semelhantes. As diferenças se deram, no que diz respeito à Literatura Portuguesa, principalmente no romance. Primeiramente, é preciso colocar que o Realismo se inicia cronologicamente antes do Naturalismo, mesmo na França. E em Portugal, enquanto o romance realista tem como marco inicial a publicação de O Crime do Padre Amaro em 1875, a primeira obra que pode ser considerada essencialmente naturalista em Portugal, O Barão de Lavos, de Abel Botelho, só vai ser publicada em 1891. Pode-se dizer que o Naturalismo foi mais além que o Realismo na sua aproximação da realidade, pois enquanto este tratou das mazelas da sociedade de modo um tanto distanciado, aquele procurou tratá-las a fundo, analisando-as de modo científico. O Naturalismo expunha os problemas sociais de modo mais explícito, porém não como análise filosófica, mas essencialmente científica.

3. Realismo em Portugal

            Em Portugal, a passagem do Romantismo para o Realismo se dá de modo mais conflituoso e crítico. Desde a década de 1860, o país já vivia um clima de transformação em sua mentalidade. A massa estudantil começava a ser influenciada pelas ideias revolucionárias dos pensadores franceses, e começava a surgir entre eles o desejo de colocar Portugal em sintonia com as transformações sociais que estavam ocorrendo no resto da Europa. Em Coimbra, grupos de estudantes começam a tentar instaurar a desordem, a anarquia e a insubordinação, principalmente com as atitudes de rebeldia de Antero de Quental. Este e outros estudantes como Teófilo Braga começam a publicar suas obras, embebidos das ideias revolucionárias.
            Nessa época, e em meio a essa situação, Pinheiro Chagas publica em 1865 o Poema da Mocidade, de cunho romântico, ao qual o poeta António Feliciano de Castilho acrescenta um posfácio atacando os poetas da nova geração. Essa atitude gera uma réplica por parte de Antero de Quental, que dá início a uma acalorada contenda entre os poetas românticos, representados por Castilho, e os poetas da nova geração, representados principalmente por Quental, o que ficou conhecido como a “Questão Coimbrã”. A polêmica, que poderia ter resultado em um interessante debate sobre a literatura, acabou se restringindo a uma série de ataques pessoais e que não rendeu o que se poderia esperar para a literatura, mas introduziu a reflexão sobre a crise do Romantismo em Portugal.
            Ano considerado de maior importância para a transição do Romantismo ao Realismo em Portugal foi o ano de 1871, ano em que os estudantes de Coimbra que participaram da revolta anti-romântica e outros decidem se reunir novamente e organizar um ciclo de conferências públicas para discutir as transformações de ordem social, política e ideológica que estavam ocorrendo naquele momento e tentar colocar o país em sintonia com o que estava acontecendo. O evento ficou conhecido como as Conferências Democráticas do Cassino Lisbonense, teve início no dia 22 de maio de 1971. Infelizmente as conferências acabam sendo suspensas por intervenção do Estado e algumas das palestras que estavam programadas acabam não acontecendo, mas ainda assim estava instaurado o espírito revolucionário que alimentaria a nova estética, que se consolidaria definitivamente com a publicação de O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, em 1875.
            O Realismo em Portugal acabou produzindo a melhor geração de autores que a Literatura Portuguesa viu até então, e talvez jamais houve outra semelhante. Foi uma das épocas mais ricas da literatura em Portugal, com autores como Antero de Quental (com sua poesia metafísica), Cesário Verde (com sua poesia do cotidiano), Gomes Leal, Guerra Junqueiro, Fialho de Almeida, entre outros, mas principalmente Eça de Queirós.

2.         O Realismo
3.         • Contexto histórico • O surgimento do Realismo • Vertentes • O Realismo em Portugal • Curiosidades
4.         Mentalidade da época O Realismo surge numa época marcada pela artificialidade, formalidade e exagero, típicos do Romantismo. Numa sociedade emergida numa sentimentalidade mórbida e religiosidade, surge um movimento totalmente contrário.

5.         A Sociedade do Século XIX A sociedade do Século XIX organiza-se por estratos sociais. O topo da escala social é constituído pela alta burguesia, estrato social em que se integram banqueiros, grandes empresários industriais, grandes comerciantes e altos dignitários do Estado. Abaixo situa-se a média burguesia, composta pelos profissionais liberais, médicos, engenheiros, advogados, professores e os quadros médios e superiores do funcionalismo público. Depois situa-se a pequena burguesia, à qual pertencem os balconistas e outros empregados do sector dos serviços. O estrato social mais baixo é o proletariado que é constituído pelos operários e camponeses.

6.         Uma sociedade de banquetes…
7.         Uma sociedade de bailes…
8.         Uma sociedade de espectáculos…
9.         O surgimento do Realismo • Origem do nome • O que é o Realismo? • Como surgiu?
10.      Origem do nome A palavra Realismo denota ação e designa uma forma de interpretar a realidade. O Realismo propunha-se a reagir pela observação objetiva dos objetos e das situações, contra os excessos da imaginação na arte romântica. O seu princípio era REPRESENTAR A REALIDADE, quer o assunto fosse bonito ou feio, nobre ou trivial, com o objetivo de alcançar a beleza, a fraternidade e a justiça.
11.       O que é o Realismo? Eça de Queirós definia o realismo da seguinte forma: «O que é pois o Realismo? É uma base filosófica para todas as concepções do espírito - uma lei, uma carta, uma guia, um roteiro do pensamento humano na eterna religião do belo, bom e do justo (...) é a negação da arte pela arte, é a proscrição do enfático e do piegas. É a abolição da retórica considerada como arte de promover a comoção (...); é a análise com fito na verdade absoluta. Por outro lado, o Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem (...) para condenar o que houver de mau na sociedade».
12.      Surge o Realismo… É na segunda metade do século XIX que a Europa se vê arejada por novos ventos políticos, científicos, sociais e religiosos. Neste contexto, surge na França um movimento artístico cuja influência se estendeu a numerosos países europeus, chamado Realismo. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais, sendo também objeto de ação contra o capitalismo progressivamente mais dominador.
13.      Vertentes • Teatro • Pintura • Escultura • Arquitetura • Literatura
14.      Teatro Com o Realismo, os problemas do quotidiano ocupam os palcos no mundo do teatro. O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna- se coloquial. O primeiro grande dramaturgo realista é o francês Alexandre Dumas Filho, autor da primeira peça realista, A Dama das Camélias (1852), que aborda o tema prostituição.
15.      Pintura Na pintura, as obras passam a privilegiar cenas quotidianas de grupos sociais menos favorecidos e as telas tornam-se pesadas e tristes, quer pelo tipo de composição como pelo uso de cores criam telas pesadas e triste. Neste campo, destaca-se o pintor francês Gustave Coubert .
16.      Escultura A escultura realista não se preocupa com a idealização da realidade, recria os seres tais como são. Aqui especial destaque para o também francês Auguste Rodin.
17.      “Le Baiser” de Auguste Rodin
18.      No ramo da arquitetura, procura-se responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades já não exigem palácios; precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e casas, tanto para os operários como para a nova burguesia. Em 1889, Gustav Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel.
19.      Em todos os ramos do saber se ia dizendo adeus a velhas teses, outrora admitidas sem discussão mas agora arrumadas como enganos. Dado isto, porque haveriam os literatos de continuar presos a um sentimentalismo doentio, a um idealismo aéreo, divorciado da realidade, a uma expressão hipócrita da paixão amorosa, a um carpir inútil de saudades, à idealização de um mundo ideal? Sentindo que perdiam um comboio a correr vertiginosamente para o campo da verdade nua e crua, reagiram. Como as restantes atividades do espírito humano, a literatura começou a buscar a realidade, não a deformada pelos românticos, mas a autêntica, tal qual se apresenta sem artifícios, sem retoques. A nova arte literária deixou de ser nacionalista e revestiu-se de caráter cosmopolita. Como consequência desta reação, nasceu o Realismo na literatura.
20.      Realismo na Literatura O Realismo na Literatura manifesta-se na prosa. O romance – social, psicológico e de tese – é a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distração e torna-se veículo de crítica a instituições, como a Igreja Católica e à hipocrisia burguesa.
21.      • Características • Temas abordados • Autores marcantes
22.      Características • Veracidade: despreza a imaginação romântica • Contemporaneidade: descreve a realidade • Retrato fiel das personagens: caráter, aspectos negativos da natureza humana • Gosto pelos detalhes: lentidão na narrativa • Materialismo do amor: Mulher objeto de prazer/adultério • Denúncia das injustiças sociais • Determinismo e relação entre causa e efeito • Linguagem próxima à realidade: simples, natural, clara e equilibrada
23.      Comparação do Realismo com o Romantismo REALISMO ROMANTISMO Distanciamento do narrador em primeira pessoa Valoriza o que se é Valoriza o que se idealiza e sente Crítica direta Crítica indireta Objetividade Sentimentos à flor da pele Textos, às vezes, sem censura Textos geralmente respeitosos Imagens sem fantasias, reais Imagens fantasiadas, perfeitas Aversão ao Amor platônico Amores platônicos Mistura de épico e lírico nos textos Separação Cosmopolita Nacionalista
24.      Temas abordados Os realistas pretendem reformar a sociedade. Para tal, - à semelhança de Gil Vicente -, descobrem e atacam a imoralidade, os vícios e os maus costumes da sua época. Analisam os aspectos baixos da vida, não só apontando os seus vícios e taras, mas realizando um esforço por relacionar as causas (biológicas e/ou sociais) do comportamento das personagens do romance com o tipo desse mesmo comportamento. Pretendem com isto que a sociedade possa ver e assumir os seus erros para os corrigir. A Literatura deixa de ser apenas distração e torna-se meio de crítica a instituições, à hipocrisia burguesa (avareza, inveja), à vida urbana (tensões sociais, econômicas, políticas), à religião e à sociedade, interessando-se pela análise social, pela representação da realidade circundante, do sofrimento, da corrupção e do vício. A escravatura, o racismo e a sexualidade são retratados com uma linguagem clara e direta. Denunciam-se as injustiças sociais, o caráter e aspectos negativos da natureza humana, bem como a representação da Mulher como objeto de prazer/adultério. Ao fazê-lo, os realistas conseguem a tão desejada reforma da sociedade portuguesa.
25.      Autores marcantes • Em Portugal: Antero de Quental, Teófilo Braga, Gomes Leal, Oliveira Martins, Guilherme de Azevedo, Eça de Queirós, João de Deus, Guerra Junqueiro, Fialho de Almeida, Abel Botelho, Ramalho Ortigão, Trindade Coelho, etc. (GERAÇÃO DE 70) • Na Europa: • Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Charles Dickens, etc.
26.      Geração de 70
27.      O Realismo em Portugal
28.      O primeiro aparecimento do Realismo em Portugal deu-se na Questão Coimbrã. Polêmica esta que significou, nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução do Romantismo”. Nela manifestaram-se pela primeira vez as novas ideias e o novo gosto de uma geração que reagia contra o Romantismo. O segundo episódio do aparecimento do Realismo verificou-se em 1871 nas Conferências do Casino (ou Conferências Democráticas do Casino). Nesta nova manifestação da chamada Geração de 70 os contornos do que seria o Realismo apareceu desenhados com maior nitidez, especialmente através da conferência realizada por Eça de Queirós intitulada O realismo como nova expressão da arte. O Realismo surgia assim como resposta à artificialidade, formalidade e aos exageros do Romantismo.
29.      Eça de Queirós José Maria de Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim a 25 de Novembro de 1845 e foi um dos maiores escritores portugueses. Foi autor, entre outros romances de importância reconhecida, de Os Maias e O Crime do Padre Amaro, tendo sido este último por muitos considerado o melhor romance realista português do século XIX. Morreu em Paris, a 16 de Agosto de 1900.
30.      O Crime do Padre Amaro O Crime do Padre Amaro é uma das obras do escritor português Eça de Queirós mas difundidas por todo o mundo. Trata-se de uma obra polémica, que causou protestos a Igreja Católica, ao ser publicada em 1875, em Portugal. É a primeira realização artística do realismo português. Esta obra é mais um documento humano e social do país e da sua época, uma obra que mais de cem anos depois mantém o interesse de diferentes gerações. Trata do romance entre Amaro e a jovem Amélia, que surge num ambiente em que o próprio papel da religião é alvo de grandes discussões e a moralidade de cada um é posta à prova. Enquanto a trágica história de amor se desenvolve, personagens secundárias travam debates sobre o papel da fé.
31.      Os Maias
32.      Embora por vezes doutrinariamente fraco e/ou confuso, o Realismo em Portugal apresenta-se por isso mesmo, mais do que como um movimento consistente, como uma tendência estética, um sentir novo, que se opôs ao Idealismo e ao Romantismo. A sua consequência mais importante foi a introdução em Portugal das influências estrangeiras nos vários domínios do saber, alargando as escolhas literárias e renovando um meio literário que estava muito fechado sobre si mesmo.
33.      Curiosidades O Realismo ainda vive hoje. Exemplos: Pintura Escultura
34.      Trabalho realizado por Sara Alves da Silva, nº15 11º A, no âmbito da disciplina de Português. Professora Eugénia Casimiro EB 2, 3 D. Fernando I


Naturalismo
Realismo
Forte influencia da literatura de Emile Zola (França);
Forte influencia da literatura de Flaubert (França);
Romance experimental, apoiado na experimentação e observação cientifica;
Romance documental, apoiado na observação e na analise;
A investigação da sociedade e dos caracteres individuais ocorre “ de fora para dentro”, as personagens tendem a simplificar, pois são vistos como pacientes dos factores Biológicos, históricos e sociais que determinam as suas acções, pensamentos e sentimentos;
A investigação da sociedade e dos caracteres individuais é feita “ de dentro para fora”, por meio de análise psicológica, capaz de abranger sua complexidade, utilizando a ironia, que sugere e aponta, em vez de afirmar;
Volta-se para a Biologia e a patolo-gia, centrando-se mais no social;
Volta-se para a psicologia, centrando-se mais no indivíduo;
As obras retratam as camadas inferiores, marginalizadas e, normalmente, as personagens são oriundas dessas classes sociais mais baixas;
As obras retratam e criticam as classes dominantes, a alta burguesia urbana e, normalmente, as personagens pertencem a esta classe social;
O tratamento dos temas com base numa visão determinista conduz e direciona as conclusões do leitor e empobrece literariamente os textos.
O tratamento imparcial e objectivo dos temas garantem ao leitor um espaço de interpretação, de elaboração das suas próprias conclusões a respeito das obras.

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