24 de ago. de 2011

ROMANTISMO


ROMANTISMO – SÉCULO XVIII / XIX

Há uma diferença entre “estado de alma romântico” e o “movimento literário” Romantismo. O estado de alma pode ser encontrado em qualquer época, caracterizando-se pelo amor à natureza, a personalidade sonhadora, a fé, a liberdade, o saudosismo e a emoção, já o movimento literário é um estilo de época que configura um estilo de vida e de arte predominante na civilização ocidental entre o final do século XVIII e início do século XIX.

O estilo de época Romantismo iniciou na Alemanha e na Inglaterra em 1797/ 1810, e em seguida expandiu para outros países como França, Itália, Portugal, Brasil etc. O Romantismo rompe com a tradição clássica e abre caminho para a modernidade. O novo estilo surge de dois grandes acontecimentos históricos:

A Revolução Francesa e a Revolução Industrial.

A partir de meados do século XVIII assiste-se ao desenvolvimento da indústria na Inglaterra, avança a agricultura, as ciências médicas, desenvolvem-se hábitos de higiene, constroem-se hospitais, pavimentam-se ruas, utiliza-se água corrente etc. Surgem grandes populações urbanas.

Por outro lado, é tempo de guerras e revoluções que alteram os quadros sociais e as formas de governo de vários países. Entre elas, destaca-se a citada Revolução Francesa (1789), responsável por grandes mudanças em todas as nações européias.

Surge um novo público consumidor, de origem burguesa, não mais aceitando os padrões clássicos que indicavam uma concepção estática (formação de idéias concretas) do mundo.

Por volta de 1825, ele já está presente em todos os países do ocidente e, apesar das diferenças caracterizadoras da cultura de cada país, mantém uma série de traços comuns que o marcam como um movimento de âmbito universal.

Principais características do Romantismo:

• Cosmovisão marcada pelo choque imediato
As profundas mudanças sociais, econômicas e demográficas tiveram conseqüências traumatizantes. O homem vive as contradições próprias da Revolução Industrial e da burguesia ascendente. Definem-se as classes sociais: a nobreza, a grande e a pequena burguesia, o velho campesinato e o operariado crescente.

• Imaginação Criadora/ Subjetivismo
Supervalorização das emoções pessoais. Cria mundos imaginários e acredita nos mesmos. Vê o mundo unicamente por meio do mundo interior. A 1ª pessoa é constante nas obras literárias.

• Evasão / Escapismo

Fuga da realidade para um mundo imaginário, criado a partir de sonhos e emoções, e com isso pode surgir um choque entre o real e o imaginário e a solução é evadir-se para a solidão, suicídio / morte.

• Senso do Mistério

Sem conseguir adaptar-se a seu mundo, valorizando a morte como a única saída, o artista romântico sente atração por ambientes noturnos misteriosos, como cemitérios, ruas desertas etc.

• Consciência da Solidão

O artista mergulha no seu mundo interior, pois acha que o mundo exterior não o compreende.

• Reformismo

Em vez de isolar-se, o artista se propõe a reformar o mundo, levando-o ao sentimento revolucionário que o aproxima dos movimentos libertários, e da admiração por grandes personagens e militares. (Ex,: Álvares de Azevedo e Castro Alves)

• Fé

Em oposição ao paganismo próprio do estilo de época anterior, os românticos cultivam a fé cristã e os ideais religiosos.

• Ilogismo

O poeta pode ser conduzido a uma instabilidade emocional, paradoxo: alegria/ tristeza, entusiasmo/ depressão.

• Culto da natureza

Na sua evasão, o romântico encontra na natureza tranqüilidade, e a natureza é capaz de inspirá-lo, marcada de expressividade e significação.

• Exagero
O romântico não admite meio-termo. As qualidades e os defeitos são tradicionalmente colocados. A perfeição não existe no mundo circundante.

• Liberdade Criadora

O romântico proclama a independência pessoal para julgar o que seja belo ou verdadeiro. Foge da realidade para um mundo idealizado.

• Sentimentalismo

Predomínio do sentimento sobre a razão. O amor vence a razão.

• Ânsia de glória

Outra característica que pode marcar o escritor romântico é o seu manifesto de ser o centro da sociedade em que vive.

• Idealização da mulher

A mulher, entre os românticos, aparece convertida em anjo, em figura poderosa, inatingível, capaz de mudar a vida do próprio homem.

ROMANTISMO EM PORTUGAL – 1825 / 1875

Contexto histórico

Portugal está vinculada ao que se passa no resto da Europa, reflete a radical transformação cultural e histórica, em seguida aos acontecimentos relacionados com a Revolução Francesa (1789), entra em crise a monarquia e dá lugar ao liberalismo e à ascensão da burguesia.

Principais acontecimentos históricos:

• A constituição de 1822 institui a liberdade de imprensa e a separação dos poderes;

• Em 7 de setembro de 1822, o Brasil torna-se independente.


• Em 1825 D. Pedro I é reconhecido como herdeiro do trono português;

• Em 1828, D. Miguel, irmão de D. Pedro liderou a revolta de Vila Franca, que restabeleceu o absolutismo;


• Entre 1828/ 1834 ocorria a guerra civil opondo os absolutistas liderados por D. Miguel, e os liberais liderados por D. Pedro I, com a vitória dos liberais.

• Almeida Garret é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, com os poemas narrativos Camões (1825) e Dona Branca (1826).


• A nova escola dominará a literatura até a década de 1860.

O Romantismo evoluiu em três momentos:

1ª geração – 1820/ 1830

Sobrevivência de características neoclássicas;
• Nacionalismo;
• Medievalismo;

Principais autores:

• Almeida Garret (João Batista da Silva Leitão de Almeida Garret - 1799/ 1854);
• Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (1810/ 1854);
• Antonio Feliciano de Castilho.

2ª geração – 1840/ 1850

Ultra-Romantismo

• Mal do Século;
• Excessos de subjetivismo e do emocionalismo romântico;
• Irracionalismos;
• Escapismo, fantasia;
• Pessimismo.

Principais autores:

• Camilo Castelo Branco (1825/ 1890);
• Soares Passos.

3ª geração – 1860
• Diluição das características românticas
• Pré-realismo

Principais autores:

• João de Deus (1830/ 1896);

• Júlio Dinis (pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho - 1839/1871)

ROMANTISMO NO BRASIL

O Romantismo brasileiro foi bem nacionalista.

A Independência conquistada em 1822 reforçou a busca de elementos caracterizadores e diferenciadores de nossa nacionalidade. O forte sentimento de fidelidade à pátria e às suas tradições e a criação de símbolos que pudessem ser incorporados à consciência nacional e que passassem a representar o país.

Entre eles o índio, a natureza e a linguagem.

Obras que delimitam o Romantismo no Brasil:

1836 – Publicação de Suspiros Poéticos e Saudade de Gonçalves de Magalhães.
1881 – Publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, romance realista de Machado de Assis.

Principais acontecimentos históricos:

1808 – Chegada da Família Real
1817 – Criação dos Correios
1822 – Independência do Brasil
1835 – Guerra dos Farrapos
1841 – Dom Pedro II, imperador do Brasil
1854 – Primeira estrada de ferro brasileira
1864 – Início da Guerra do Paraguai
1870 – Fim da Guerra do Paraguai
1888 – Lei áurea
1889 – Proclamação da República

Em torno de todos esses acontecimentos, inicia-se um grande progresso no Brasil. A vinda da Família Real provocou mudanças em todos os sentidos: portos foram abertos ao comércio internacional, funda-se o Banco do Brasil, Tribunais de Finanças e Justiça, indústrias, academia militar, cria-se o curso de Direito, a Biblioteca real e a imprensa é implantada.

A sociedade da época é composta por militares, comerciantes, artesãos, funcionários públicos, o homem da imprensa e os empregados das firmas comerciais. A literatura conta com o público feminino e o Romantismo flui em relativa facilidade.

A produção literária é rica e variada.

Busca no índio o símbolo da raça brasileira, ele é caracterizado como nobre;
A opulência tropical da natureza é mais um símbolo romântico;
Outro elemento de identificação nacional foi a linguagem, incorporam-se regionalismos, termos indígenas, expressões e construções do feito nacional. Os principais gêneros cultivados foram a poesia, o romance e o teatro.

As três gerações românticas brasileiras dividem-se em:

1ª geração – Nacionalista (1830/ 1850)

Nacionalismo, aversão à influência portuguesa (lusofobia), religiosidade e misticismo, indianismo. Temas: o índio, a saudade, o amor impossível, a vida da corte, os ambientes típicos regionais, o escravo, a natureza tropical.

Principais autores:

Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias (poesia).
Joaquim Manuel de Macedo (prosa)

2ª Geração – Ultra-romântica (1840/ 1850)

Individualismo, pessimismo, escapismo, mal-do-século, morbidez, noturnismo, satanismo, mistério.

Principais autores:

Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela (poesia)
José de Alencar (prosa)

3ª Geração – social, liberal ou condoreira (1860/ 1870)

Aprofundamento do espírito nacionalista, do liberalismo, da poesia social e da política. Tema: a escravidão, a república, o amor erótico, costumes da sociedade, perfis femininos idealizados.

Principais autores:

Castro Alves (poesia)
José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Bernardo Guimarães.

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