24 de ago. de 2011

NATURALISMO


Introdução
O Naturalismo, como apareceu em Portugal, as suas características, a distinção entre naturalismo e realismo e também falaremos de um dos seus “iniciadores” em Portugal, ou seja, Eça de Queirós, com a sua obra “O crime do Padre Amaro”.
Explicaremos o que é um naturalista, falaremos também do realismo, já que este se relaciona com o naturalismo. Temos um pequeno parágrafo em que falaremos sobre a escola naturalista e por fim uma pequena conclusão.
Palavras – chave: Émile Zola, Eça de Queirós, Naturalismo, Naturalista, Realismo, Filosofia, Arte, Teatro, Natureza, Pintura, Literatura, Escola Naturalista, Naturalismo em Portugal.
Naturalismo (significado):
Deu-se o nome de naturalismo à tendência a impor à arte, especialmente à prosa narrativa e ao teatro.
Caráter do que é natural.
Escola literária que, aplicando à arte os métodos da ciência positiva, visava reproduzir a realidade com uma objetividade perfeita e em todos os aspectos, mesmo os vulgares.
Zola é considerado o “chefe do naturalismo”.
Filosofia ou religião da natureza.
No teatro, o naturalismo exerceu mudanças marcantes, com o aparecimento do diretor, do cenógrafo e do figurante. Até então, o próprio autor escolhia as suas próprias roupas, um único cenário era usado para diversas montagens, e não estava definida a posição do diretor como coordenador de todas as funções. A iluminação passou a ser mais estudada e adotou a sonoplastia. É um radicalismo do Realismo.
Na pintura, um exemplo naturalista é o famoso quadro de Van Gogh, Os Comedores de batatas (1885).
Na filosofia, o naturalismo é a visão de que o método científico (hipótese, predição, teste ou repetição) é a única forma efetiva de investigar a realidade. O naturalismo diz que os fenômenos e hipóteses descritos como sobrenaturais, não existem ou estão errados. Mas insiste que todos os fenômenos que podem ser estudados pela mente humana devem ser estudados através dos mesmos métodos, e, portanto qualquer coisa considerada sobrenatural é ou inexistente ou equivalente a um fenômeno natural.
Na arte, o naturalismo refere-se para à descrição de objetos realísticos em ambientes naturais. O movimento do Realismo do século XIX defendeu o naturalismo em relação ao romantismo, mas muitos pintores adotaram uma aproximação semelhante durante séculos. Um exemplo de Naturalismo é a obra de arte do artista americano William Bliss Baker, cujas pinturas da paisagem são consideradas alguns dos melhores exemplos do movimento do naturalismo.
Naturalista:
Naturalista pode ser uma pessoa que se dedica ao estudo das plantas, minerais e animais: Aristóteles, Plínio e Buffon foram grandes naturalistas. Ou seja, pessoa que se dedica ao estudo do natural.
Partidário do naturalismo, isto é, de que a Arte ou a Literatura devem ser apenas a reprodução da Natureza.
Ou pode ser um adepto do naturalismo em literatura, filosofia e religião (romances naturalistas).
            
Escola Naturalista:
Esta escola constituiu-se entre 1860 e 1880 sob a dupla influência do realismo de Flaubert e do positivismo de Taine.
Mas foi Zola que encarou a nova estética, tornando-se o teórico (O romance experimental, 1880) e baseando a verdade romanesca na minuciosa observação da realidade e da experiência, que submete o indivíduo ao determinismo da hereditariedade e do meio.
Os serões de Médan (1880), que, em torno de Zola, reuniram Maupassant, Léon Henrique, Henry Céard, Paul Alexis e Huysmans, deram forma ao manifesto da nova escola à qual ligaram A. Daudet, O. Mirbeau, J. Renard, J. Vallés, etc.
O naturalismo impôs-se igualmente ao teatro, com a obra de H. Becque (Os Corvos, 1882) e as direções cénicas de Antoine, no teatro livre.    
Naturalismo em Portugal:
O naturalismo sobressaiu em França entre 1870 e 1890 espalhando-se por outros países.
O marco do naturalismo português é o livro de Eça de Queirós, O crime do Padre Amaro, 1875 e, decisivamente, a sua versão definitiva em 1880. Em 1878 Eça de Queirós lança o seu O primo Basílio, com duas edições no mesmo ano, tendo, a segunda, alterações. Foi com este livro, um grande sucesso, que o público realmente tomou conhecimento da nova escola. A citar ainda, Teixeira de Queirós, Salústio Nogueira, sátira à alta burguesia e à política portuguesa, Júlio Lourenço Pinto com Margarida e Coelho de Magalhães, O brasileiro Soares.
Houve historiadores da nossa literatura que classificaram de “escola realista” todos os autores que em Portugal se seguiram ao ultra-romantismo, mas tal designação é absurda aplicada a escritores como Antero de Quental, Oliveira Martins ou João de Deus.
Abel Botelho foi o último dos naturalistas portugueses, cronologicamente, estreando, em 1891 com, O Barão de Lavos, onde explora o tema da hereditariedade.

Naturalismo é derivado do realismo, nele se vão acentuar algumas características deste. Revelando uma preocupação mais científica e uma tendência mais analítica, os naturalistas, em vez de pretenderem, como os realistas, “fotografar” a realidade circundante, deseja ir mais longe, explicá-la, encontrar e apontar as causas da decadência social. Há uma componente experimental muito forte nos textos naturalistas: por exemplo, no romance, a fábula é subordinada a uma tese e quase como que a sua demonstração. Extremamente relacionada com isto está uma mundividência decadentista, um olhar decepcionado pelo panorama social e já não otimista, esperançoso e empenhado como o dos realistas: por um lado, a tendência para a explicação dos “casos” de uma forma que se pretende lógica, rigorosa e cientifica conduz naturalmente a uma visão mecanicista e, por outro lado, há que referir o próprio exercício sistemático da observação das “pústulas sociais”, revelando-se ambos os fatores causas e consequências dessa visão pessimista de um social que se crê em rigoroso movimento de degradação. Na produção narrativa naturalista o projeto realista é estremado, no que respeita ao objeto em causa.
No primeiro caso, ela é demasiado evidenciado pelo facto de, muitas vezes, o desejo de informar se sobrepuser à dinâmica e necessidades da própria narrativa, pesando ou pelo excesso ou, nalguns casos, pela importunidade, e chegando a alertar o leitor para o caráter artificial do quadro da comunicação esboçado da narrativa. Por outras palavras, se antes se tentava dissimular o eixo da comunicação autor / leitor sob o da comunicação entre os personagens para assim furtar o caráter subjetivo da informação e melhor persuadir o leitor, fazendo aceitá-lo como boa, agora, a quantidade e a qualidade de informação transmitida acabam por denunciar o próprio lugar autoral: realizando mais sistematicamente e sobre áreas do conhecimento mais especializadas, a transmissão da informação deixa pressentir uma instância que, tendo feito uma determinada investigação, deseja comunicá-la ao seu leitor através do texto ficcional. No segundo caso, o objeto já não é a realidade social, o quotidiano, o normal, mas aquilo que se constitui como diferente, o caso anormal, cuja lógica o autor deseja compreender e explicar, numa atitude pautada por certa cientificidade.
Naturalmente que, assim sendo, não é surpreendente que o objeto privilegiado do escritor naturalista seja do domínio do patológico, daquilo que transgride as leis naturais, e não já o caso comum. Característico disto é o próprio título comum de alguns romances de Abel Botelho, o nosso maior naturalista: Patologia social. Cá, com o realismo, houve certa reflexão teórica que acabou por conduzir, durante os anos 80 do séc. XIX, ao naturalismo.
As teses e a produção romanesca de Zola tiveram grande influência sobre os nossos naturalistas, ainda que muitos sejam mais heterodoxos do que Abel Botelho. De um modo geral, as fronteiras entre o realismo e o naturalismo portugueses, na prática, tendem a esbater-se, sendo preferível falar de predominância de um ou de outro, quer autores, quer em obras.
Os romances naturalistas destacam-se pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro, que na época foi considerado chocante de tão inovador que era. Ao ler uma obra naturalista, tem-se a impressão de se estar a ler uma obra contemporânea, que acabou de ser escrita.

Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade eo seu comportamento é fruto do meio em que se vive e sobre o qual age. A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, que acreditavam ser a seleção natural impulsionadora da transformação das espécies. Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõem a personalidade humana.
Por fim, pode-se dizer que, o naturalismo afetou uma mentalidade progressista, já ultrapassada, própria do pensamento iluminista e da filosofia da experiência. O naturalismo corresponde a uma tendência doutrinal polêmica e ambígua, sujeita a desaparecer devido a uma utilização precisa do conceito de natureza. Na realidade, o naturalismo procurou controverter, na história do pensamento moderno, a integridade da noção cristã de sobrenatural.

Os autores expõem e comprovam as doutrinas científicas da época. É o determinismo hereditário, do meio ambiente e social. O realismo produziu os romances de tese documental, e o naturalismo, os de tese experimental.
O naturalismo dava preferência à sociedade decadente, ao homem na sua parte mais animal: atos fisiológicos, instintos, apetites sexuais, personagens degenerados, com raras taras e vícios. As ações humanas são descritas e narradas como se fossem experiências científicas, como nas frequentes cenas de sexo.
A linguagem presente nos textos naturalistas é simplificada e comum, aproximando-se dos textos informativos. A ênfase é pela narração dos fatos, e não pela descrição.
O Naturalismo contrasta com o romantismo em vários aspectos. Aqui, destacam-se o adultério, a valorização do presente e da razão, a desmistificação das personagens (elas agora podem ser feias, pobres e comuns, por exemplo), a preferência pelo dia e pela realidade. O Naturalismo volta-se para as camadas populares de estatuto social mais baixo, o submundo do vício e do crime. Tanto o Realismo como o Naturalismo são anticlericais, antimonárquicos, anti-românticos e antiburgueses, têm como objetivo retratar a sociedade em que estão inseridos.
Com este trabalho podemos concluir que neste momento já não existem naturalistas em Portugal, já que o último foi Abel Botelho.
Conseguimos compreender melhor este tema e relacionarmo-nos melhor com o mesmo, percebendo a importância que teve para o nosso país.
Constatamos que o Naturalismo teve bastante influência na arte do Teatro, Pintura, Literatura, assim como na Filosofia. Para o Naturalismo não existe, por exemplo, o sobrenatural, tudo está relacionado com a Natureza. Uma vez que, o Naturalismo é a origem de tudo, o princípio.
Anexo I - Émile Zola
O francês Émile Zola foi o idealizador do naturalismo e o escritor que mais se identificou com ele. O romance experimental (1880) é considerado o manifesto literário do movimento. As leituras de Zola sobre a teoria evolucionista de Darwin (a Origem das espécies foi publicada em 1859), A filosofia da arte (1865), "um grande estudo fisiológico e psicológico".
O que Claude Bernard tinha desvendado no corpo humano, Zola iria desvendar na sociedade. A título de curiosidade, conta-se que Zola pouco mais teve que fazer do que substituir as palavras médico por romancista do livro "Introduction a l'étude de la médicine experimentale" (Claude Bernard) para poder escrever a sua obra "Le Roman Expérimental", de 1880.
Outras influências fortes sobre o seu trabalho, nesse sentido, seriam a obra de Balzac (A comédia humana, concluída em 1846) e as ideias socialistas em ascensão.
Em 1871, Zola dava início ao seu grande projeto, a série Os Rougon-Macquart. A repercussão na imprensa do êxito de A taverna (1876) levou Zola a responder à crítica da seguinte forma: "Estou a ser considerado um escritor democrático, simpatizante do socialismo, mas não gosto de rótulos. Se quiserem me classificar, digam que sou naturalista. As pessoas espantam se com as cores verdadeiras e tristes que uso para pintar a classe operária, mas elas expressam a realidade. Eu apenas traduzo em palavras o que vejo; deixo para os moralistas a necessidade de extrair lições. A minha obra não é publicitária nem representa um partido político. A minha obra representa a verdade".
Em 1880, Nana é lançado e faz grande sucesso. Aborda um tema ousado: a prostituição de luxo.
Em 1885 Zola lança sua obra-prima Germinal. Para escrevê-lo, o autor não se contentou com a pesquisa, foi direto à fonte. Passou dois meses a trabalhar como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e beberam nas mesmas tabernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a humildade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros, por isso a sua narração provoca tanto impacto. A força de Germinal causou enorme repercussão, consagrando Émile Zola como um dos maiores escritores de todos os tempos.
Anexo II - O Realismo
O Realismo é um movimento literário que surgiu na Europa, na segunda metade do século XIX, influenciado pelas transformações que ali se operavam no âmbito econômico, político, social e científico.            Economicamente, vivia-se a segunda fase da Revolução Industrial, período marcado pelo clima de euforia e progresso material que a burguesia industrial experimentava em virtude das inúmeras invenções possibilitadas pelas descobertas científicas e tecnológicas.
Apesar dos benefícios trazidos à burguesia, a condição social do operariado era cada vez pior. Motivados tanto pelas ideias do socialismo imaginário, principalmente as de Proudhon e Robert Owen, quanto pelas ideias do socialismo científico, defendidas por Karl Marx e Friedrich Engels, os operários procuraram organizar-se politicamente. Fundam então associações trabalhistas e passam a agir melhores condições de trabalho e de vida.
No âmbito científico e cultural, ocorre uma verdadeira efervescência de ideias. Essas ideias, surgidas como consequência do aparecimento de várias correntes científicas e filosóficas, têm destaque:
. Positivismo, de Augusto Comte. para o qual o único conhecimento válido é o conhecimento positivo, ou seja, provindo das ciências;
. Determinismo, de Hippolyte Taine, que defende que o comportamento humano é determinado por três fatores: o meio, a raça e o momento histórico;
. A lei da seleção natural, de Charles Darwin, segundo a qual a natureza ou o meio selecionam entre os seres vivos as variações que estão destinadas a sobreviver e a perpetuar-se, sendo eliminados os mais fracos.
Enquanto no domínio da Física, da Química, da Biologia e da Medicina ocorrem avanços significativos, são lançados os fundamentos de três novas disciplinas: a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia.
As descobertas científicas, as ideias de reformas políticas e de revolução social exigiam dos escritores, por um lado, uma literatura de ação, comprometida com a crítica e a reforma da sociedade, e de outro, uma abordagem mais profunda e completa do ser humano, visto agora à luz dos conhecimentos das correntes científicos – filosóficas da época.
Aparece então o Realismo, que procura, na literatura, atender às necessidades impostas pelo novo contexto histórico-cultural. As suas atitudes mais frequentes são o combate a toda a forma romântica e idealizada de ver a realidade; a crítica à sociedade burguesa e à falsidade de seus valores e instituições (Estado, Igreja, casamento, família); o emprego de ideias científicas; a introspecção psicológica das personagens; as descrições objetivas e minuciosas; a lentidão na narrativa; a universalização de conceitos.
Ao lado do Realismo, surgem ainda as correntes literárias denominadas Naturalismo e Parnasianismo, de pequena penetração em Portugal. A primeira, que consiste na verdade em uma forma extremada de Realismo, procura "provar" com romances de tese as teorias científicas da época, particularmente o determinismo. O Parnasianismo por sua vez é uma corrente que combate os exageros de sentimento e de imaginação do Romantismo e tenta resgatar certos princípios clássicos de procedimento, como a busca do equilíbrio, da perfeição formal e o emprego da razão e da objetividade. 
Anexo III - Estética Naturalista
A filosofia positivista de Comte, as doutrinas de Taine, afirmam que a «virtude e o vício são produtos como o vitríolo e o açúcar», as teorias de Darwin e Haeckel sobre a hereditariedade, a adaptação ao meio e a luta pela vida levaram Zola a uma concepção determinista da existência humana. Por causa disso, o citado escritor entendeu que o romancista não devia limitar-se a observar os acontecimentos e expô-los, como faziam os realistas; teria de mostrar, com rigor próprio da ciência, que os fatos psíquicos estão sujeitos a leis rígidas como os fenômenos físicos. Então o romance adquirirá valor social e científico.
Júlio Lourenço Pinto publicou na revista Estudos Livre (dirigida por Teófilo Braga e Teixeira Bastos) uma série de artigos sobre esta matéria, os quais depois reuniu em volume com o título de Estética Naturalista (1885). Alguns dos princípios que aí defende podem considerar-se características da corrente naturalista, que o autor praticamente não distingue do Realismo:
1. A literatura naturalista é a expressão dos progressos da ciência;
2. O romance naturalista inspira-se na vida quotidiana, comum;
3. O Naturalismo deve usar o método fisiológico, isto é, deve descrever as emoções através das suas manifestações físicas, com base no estudo dos fisiologistas.
Com o advento da Geração de 70, o Naturalismo surge para muitos críticos como movimento estético idêntico ao Realismo. Para outros as coisas não são assim tão simples. Vêem em ambas os estéticos aspectos comuns:
1. A arte como representação mímica, objetiva da realidade exterior (em contraste com a transfiguração imaginativa, impregnada de subjetivismo, praticada pelos românticos);
2. A objetividade dos temas;
3. A técnica impessoal de narrar.
Mas vêem nelas também elementos diferentes.
O Naturalismo pretende fazer-se acreditar pelo menos como seria a tentativa de aplicar à obra literária as descobertas e métodos das ciências do século XIX (Biologia, Positivismo filosófico, Psicopatologia, sobretudo). Propõe-se então arrastar a ciência para o plano da obra literária. A obra literária ficará assim a funcionar como meio de demonstração de teses científicas.
O Realismo ignora a Patologia ou qualquer outra ciência como meio de explicar e ilustrar a obra de arte. Limita-se a “fotografar” com isenção a realidade circundante.

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