24 de ago. de 2011

PRÉ MODERNISMO

PRÉ-MODERNISMO

CONTEXTO HISTÓRICO



Na Europa, começo do século foi uma época de conturbação política. A disputa das nações desenvolvidas por mercados e por fontes de matéria-prima acabaria por conduzir à I Guerra Mundial , em 1914 .

O panorama social brasileiro, embora um pouco distante desse âmbito de luta internacional , não era menos complexo .


Os fatos falam por si. Uma série de revoltas eclodiu em todo o país. Os motivos eram diversos, as situações eram bem diferentes, as reivindicações eram várias. Mas esses acontecimentos tiveram um papel decisivo na passagem da República da Espada ( primeiros governos republicanos ,que eram l\militares ) para a República do café-com-leite (predominantemente civil ) e no enfraquecimento da República Velha ( 1889-1930 ) .

Em 1893, tem lugar no Rio de Janeiro a Revolta da Armada , levante de uma facção monarquista da Marinha brasileira , que , insatisfeita , com a República recém-proclamada ( 1889) , exigia a renúncia do presidente Floriano Peixoto . O restante das Forças Armadas, contudo , colocou-se ao lado do governante , que contava anda com forte apoio civil , graças à sua imensa popularidade . A revolta foi sufocada após seis meses.


Em 1896, estourou na Bahia a revolta de sertanejos que ficou conhecida como Guerra de Canudos. Inicialmente, foi encarada com desprezo pelo governo federal. Mas a persistência dos revoltosos e o arraigado apego à terra que demonstravam, obrigaram o Exército a uma ação mais dura. A propaganda oficial divulgava o fato como um levante de monarquistas, tentando, com isso, angariar a simpatia da população e o auxílio de forças militares dos diversos estados. No entanto, as causas mais profundas da Guerra eram outras: a miséria, o subdesenvolvimento, a opressão, o abandono a que a população da região estava relegada. Depois de um ano de renhida resistência, Canudos caiu em outubro de 1897. Mas os problemas sociais não foram resolvidos, e o misticismo e o cangaço continuaram sendo respostas populares à opressão e à miséria.



Nos primeiros anos do século XX, as autoridades do Rio de Janeiro resolveram urbanizar e modernizar a cidade, que era a capital do país, muito populosa, e que contava com péssimas condições de higiene. O novo planejamento urbano, contudo, previa uma recolocação da moradia dos mais pobres, excluindo-os das benesses da modernização e desamparando grande parte da população, já massacrada pelo desemprego e pela carestia. A insatisfação popular explodiu quando o governo lançou a campanha de vacinação obrigatória. A verdadeira batalha que se travou no Rio de Janeiro , em 1904 , opondo policiais aos pobres, recebeu o nome de Revolta da Vacina , tendo sido violentamente reprimida .



Em 1910, os marinheiros de dois navios de guerra, liderados por João Cândido ( o "Almirante Negro") , manifestaram-se contrários aos castigos corporais ainda costumeiramente aplicados a eles na Marinha : era a Revolta da Chibata . O próprio governo reconheceu a pertinência das reivindicações, pressionando a Marinha para que as atendesse. Os revoltosos foram anistiados, mas logo depois perseguidos, presos e torturados.



Outro acontecimento importante do período foi a greve geral de 1917, ocorrida em São Paulo , organizada por trabalhadores anarco-sindicalista , reivindicando melhoria nos salários e nas condições de trabalho ( redução da jornada , segurança , etc.) .



Em seu conjunto, essas revoltas todas podem ser vistas como manifestações de uma nova paisagem social, na qual forças políticas até então tímidas (sertanejos , miseráveis , no cenário , imigrantes , soldados de baixa patente , entre outros ) começaram a marcar presença no cenário brasileiro . No terreno artístico, o período que vai do final do século XIX ( aproximadamente 1870 ) até as primeiras décadas do século seguinte ( anos 20 ) recebe o nome geral de "belle époque ".

CARACTERÍSTICAS

As transformações sociais, da passagem do século experimentadas no Brasil, necessariamente impregnariam a literatura, principalmente em um momento em que uma das propostas artísticas em vigor toca justamente no ponto de uma retomada da literatura social. Assim, podemos falar mesmo em uma redescoberta do Brasil pela literatura. Um Brasil que, na verdade, sempre tinha existido, mas que fora até então presença excessivamente reduzida na literatura.



Essa redescoberta pode ser notada a partir da renovação temática que se opera no âmbito literário. A preocupação com a realidade nacional ocupa não apenas as obras de ficção, mas também os ensaios, artigos e comentários eruditos, que ganham grande impulso na época. Um aspecto comum a essa produção intelectual é a crítica às instituições, tomadas como elementos de cristalização e acomodação de uma estrutura de poder que resultava na cegueira às reivindicações de vastas camadas da população brasileira.



No terreno da ficção, ambientes antigos são explorados agora de forma a evidenciar seus aspectos mais tristes e pobres. O sertão, o interior, os subúrbios, que já apareciam antes em romances e natureza viviam em comunhão, agora são retratados como representações do atraso brasileiro. Da mesma forma, os personagens que figuraram nessas produções estão muito distantes dos modelos assumidos em estéticas anteriores: o sertanejo não é mais servil e ordeiro; o suburbano não é mais alegre e expansivo; o caipira não é mais saudável e trabalhador. A imagem que essas personagens passam a representar liga-as à decadência, ao desmazelo, à ignorância.



Essa literatura que tematiza habitantes e ambientes de determinadas regiões, pode ser considerada regionalista. Mas , é bom que se perceba , trata-se de um regionalismo crítico, bastante diferente, por exemplo, da idealização romântica.



Na visão dos representantes dessa corrente, a literatura tinha uma missão a cumprir como instrumento de denúncia social, explicitando as razões do nosso atraso, discutindo alternativas para ele . O progresso e o cosmopolitismo que caracterizava a auto-imagem de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo eram contrapostos ao subdesenvolvimento e à miséria estrutural de vastas regiões nacionais - nem sempre muito distantes dos centros populosos, como mostraram as obras tematizando o caipira e o morador dos subúrbios cariocas.



Formalmente, os pré-modernistas caracterizar-se-ão por uma linguagem oscilante: expressões eruditas, francamente influenciadas pelo Parnasianismo, convivem com um vocabulário mais livre e popular, que tenta funcionar como registro de expressões regionais. Pode-se entender essa prática como uma ponte de ligação entre a linguagem dicionaresca e cientificista do século XIX e aquela, mais despojada, que caracterizaria a arte moderna do século XX. De certa forma, essa oscilação reflete ainda um contato crescente entre as culturas popular e erudita.



Como dissemos essa prática literária não chegou a se constituir em escola, estruturada e organizada em um programa estético definido.

O Pré-Modernismo é mais que um fato artístico, um momento importante do desenvolvimento das letras brasileiras. Seus autores mais significativos são: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Augusto dos Anjos, Graça Aranha, entre outros.

AUTORES

• EUCLIDES DA CUNHA

• LIMA BARRETO

• MONTEIRO LOBATO

• AUGUSTO DOS ANJOS

• GRAÇA ARANHA





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